sexta-feira, 23 de abril de 2010

COMO O HAITI PODE LIVRAR-SE DA POBREZA

O fracasso do Vodu Africano, do materialismo ocidental e um evangelho dividido.
Por Darrow L. Miller.


O mundo foi sacudido pelo recente desastre no Haiti. O dinheiro doado por organizações respeitáveis tem sido usado para prover o auxílio médico necessário, comida, água, e abrigo temporário. Serão necessários centenas de milhões de dólares para prover ajuda humanitária que possa salvar vidas. Porém, enquanto a ajuda material é absolutamente necessária em resposta a este mal causado pela natureza, nós não deveríamos pensar que somente dinheiro é a única solução para os problemas crônicos do Haiti.
Tem sido informado que em anos recentes tem havido 10.000 organizações sem fins lucrativos de todos os tipos e tamanho trabalhando no Haiti, equivalendo a uma organização para cada 1.000 haitianos. Também em anos recentes o mundo continuou a aumentar a ajuda para o Haiti: Em 2006 - 580 milhões de dólares, em 2007 - 702 milhões, em 2008 - 912 milhões. Além disso, os haitianos da Diáspora (que moram em outros países) investem 2 bilhões de dólares por ano no Haiti. A despeito de todo este trabalho o Haiti ainda é cronicamente pobre. Ninguém pergunta “por quê?”
Um dos maiores especialistas do mundo em pobreza, Jeffrey Sachs, autor do livro The End of Poverty (O Fim da Pobreza) não pergunta “por quê?” Ele simplesmente não vê o envio de cada vez mais dinheiro como a solução, dizendo a respeito do Haiti: “Alguém pode imaginar o desembolso anual de 2 a 3 bilhões de dólares nos próximos 5 anos”. O ato de injetar dinheiro no Haiti está baseado na suposição ateísta materialista de que quando nós do Ocidente compartilhamos nossos recursos as nações mais pobres serão tiradas da pobreza. Entretanto, fica claro que mesmo com o dinheiro que tem sido injetado no Haiti, e as agências trabalhando no país, ele continua grandemente empobrecido. Como pode ser isso? Eu creio que é devido ao fato de que a maior parte da ajuda fluindo para o Haiti ataca os sintomas do problema – ou seja, fome, pobreza, habitação, e falta de infra-estrutura – ao invés da raiz do problema, que é uma cultura de resistência ao desenvolvimento.

Sobrevivendo ao Mal Natural
Algumas pessoas defendem que se os haitianos fossem evangelizados e se tornassem cristãos professos, então os seus problemas seriam resolvidos. Entretanto, a nação já professa nominalmente o cristianismo, com aproximadamente 80% sendo Católicos e 20% Protestantes. Porém, o Haiti ainda é amplamente Voduísta na sua visão de mundo.
Assim, mesmo que o Haiti tenha sido evangelizado, uma “experiência” espiritual apenas, não é suficiente. Se o povo do Haiti professa Cristo, mas ainda continua a pensar e funcionar com um paradigma animista ou do voduísta, eles continuarão a definhar na pobreza e estarão muito mal preparados para desastres futuros.
Os desastres naturais como enchentes, terremotos, secas e tsunamis, fazem o seu caminho ao redor do mundo muitas vezes de modo imprevisível. Em 1989 um terremoto de magnitude 7.0 atingiu a área da Baia de São Francisco (Califórnia), deixando 63 mortos. Os terremotos na Califórnia e Haiti foram da mesma magnitude, atingindo as cidades maiores aproximadamente na mesma hora do dia. O que produziu tamanha discrepância em destruição e número de mortos? Foi uma diferença de visão de mundo: As instituições, a infra-estrutura, e hábitos do coração do povo dos Estados Unidos foram influenciados e ordenados pela visão de mundo judaico-cristã, enquanto que a do Haiti foi influenciada por uma visão de mundo animista. A infra-estrutura mental de uma nação determina a qualidade da infra-estrutura externa de uma sociedade. O desenvolvimento de uma nação tem mais a ver com o capital moral e metafísico do que capital físico.
A maior parte das agências internacionais funciona com um paradigma materialista, falhando em perceber os elementos não materiais que contribuem para a riqueza ou pobreza de uma nação; Eles vêem todos os problemas como tendo apenas causas materiais e, portanto, soluções materiais. Mas, que tal se o materialismo estiver errado? Que tal, se além do mundo material, há uma cultura resistente ao desenvolvimento? Poderia haver uma contribuição espiritual ou metafísica para pobreza física que precisa ser considerada também?
Deixe-me ser muito claro, que o terremoto não foi castigo de Deus sobre o Haiti. Deus não é ser caprichoso. Deus ama as nações. Ele criou uma ordem na sua criação, que quando descoberta e seguida, permite aos povos e nações florescerem. Quando esta ordem é negada ou desobedecida, o resultado é desordem na sociedade. O desastre no Haiti desastre foi um evento natural. Mas, é a desordem na alma da cultura haitiana que fez com que fosse virtualmente impossível preparar-se para ele ou para agüentar tais desastres.

Haiti “Desesperadamente amaldiçoado”?
Foi muito infeliz a colocação de Pat Robertson, ao dizer que o Haiti estava “desesperadamente amaldiçoado” O comentário foi inoportuno e de mau tom. O que o Haiti precisa neste momento não é condenação, mas empatia e compaixão que se manifestem através do derramamento de dinheiro, medicamentos, comida, água, e voluntários. Felizmente estamos testemunhando tal influxo de ajuda global.
Entretanto, após qualquer esforço de ajuda humanitária precisa haver um foco em reabilitação e desenvolvimento. A comunidade internacional, como geralmente ela faz, está começando a mover-se da ajuda humanitária para a ajuda na restauração do Haiti para o que ele era antes do terremoto. É aqui que precisamos pensar com as nossas cabeças e não apenas responder emocionalmente. Precisamos analisar com as nossas mentes por que, mesmo com todos os bilhões de dólares em ajuda e presença de 10.000 organizações o Haiti é tão pobre. Fazer mais do mesmo que tem sido feito não ajudará o Haiti. Nós precisamos olhar para as causas materiais e não materiais da pobreza permanente do Haiti. Ideias, tem sim, conseqüências para bem ou para mal. A raiz da pobreza atual não é falta de recursos; ao invés, a raiz da pobreza são ideias e ideais ruins, que levam a uma cultura de resistência ao desenvolvimento. Ideias ruins deixarão a nação “desesperadamente amaldiçoada”. Um pacto com Satanás no passado do Haiti, se isso for verdade, terá conseqüências ruins. A adoração de Satanás, amaldiçoará a nação. A cultura de um povo é formada por aquilo que eles adoram, e o seu culto, por assim dizer, determina a natureza e força das instituições sociais, econômicas e políticas de uma sociedade. Algumas culturas apóiam o desenvolvimento e saúde de uma nação, e algumas são resistentes ao desenvolvimento, levando à desintegração da sociedade.
Quando os Deuses são Caprichosos
A cultura do Haiti é um produto de adoração derivado das religiões tribais politeístas do Oeste da África e especificamente do Vodu, que vê o universo como caprichoso e não ordenado. Quando os deuses são caprichosos, os humanos muitas vezes respondem tentando aplacar a ira deles com presentes, o que instala uma cultura de propina e corrupção, alimentando uma atitude de desesperança e desespero. As pessoas procuram simplesmente sobreviver às secas, terremotos, ou enchentes que os caprichos dos deuses trazem. O que muitos jornalistas entendem como tranqüilidade dos haitianos em meio ao seu sofrimento pode ser apenas resignação e fatalismo.
Em contraste, o teísmo Judaico-Cristão entende que o universo é ordenado. Há leis naturais governando o universo físico que podem ser descobertas através da ciência e aplicadas através da tecnologia para resolver problemas da fome e pobreza e para construir infra-estrutura que suporte terremotos e limite o impacto das enchentes.
O que o Haiti precisa é um novo “culto”, por assim dizer, para adorar o Deus Criador revelado através das Escrituras verificáveis, e então a transformação da cultura na base da informação libertadora dada pelo Criador para curar um mundo quebrado. Infelizmente, a indústria do desenvolvimento secular quer resolver os problemas do Haiti sem um componente metafísico, como se o homem vivesse apenas de pão. E, tristemente, muitos missionários cristãos tem trazido ao Haiti um evangelho dividido para salvar almas deste mundo para o céu, ao invés de um evangelho do reino que traria esperança aos haitianos em vida hoje, bem como na eternidade.
Como tem sido previamente observado, o culto de um povo – adoração – produz cultura, da qual instituições e estruturas da sociedade são formadas. Todas autoridades governam através de leis e ordenanças. Deus governa o universo através das suas leis e ordenanças, então quando nações fundam suas sociedades sob as leis de Deus, o que segue, é justiça crescente, liberdade, saúde comunitária, e prosperidade.

Uma Visão para Vida
Nós precisamos chorar pela situação angustiante dos haitianos hoje, e dar generosamente tempo, talentos, e dinheiro para auxiliar os esforços de ajuda humanitária. Mas, enquanto o terremoto foi o gatilho da destruição no Haiti, a extensão da devastação física e perda de vidas está enraizado na visão de mundo falha.
A ordem Bíblica cria uma visão para melhorar a vida, saúde, rendimento, e habilidade para planejar e suportar a destruição amarga dos desastres naturais. A igreja foi instituída por Deus para ser o agente primário de transformação na sociedade, o instrumento da cultura do reino trazendo verdade, abundância e bondade para as sociedades. Nós temos visto a igreja funcionar nesta função algumas vezes na história. O que o Haiti precisará à medida que ele passa para a fase de reabilitação e desenvolvimento é uma cultura transformada – que crie riqueza, justiça, e liberdade.

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Darrow Miller é co-fundador da Disciple Nations Alliance [Aliança para Discipulado das Nações] e autor do livro Discipling Nations: The Power of Truth to Transform Cultures [Discipulando Nações: O Poder da Verdade para Transformar Culturas].

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Haiti,depois de te conhecer escreverei assim: Aí iti !

As malas que foram abertas na chegada
Não traziam dentro a tristeza de seus olhos nem a violência de sua voz.
Seu sol que bronzeava nossa pele e cozinhava as frutas vendidas nos carrinhos amontoados em suas ruas;
Junto com seu povo urgia um vento, uma inesperada brisa para refrescar aquele dia igual a qualquer outro naquelas bandas de lá.

Gente demais...
Atravessando a fronteira,
Gente demais em cima das caminhonetes Tap-Tap
Gente demais caminhando, correndo, vendendo, conversando...
Gente demais sem sorriso no rosto, sem esperança nos olhos,
Gente demais em um lugar com fome demais.

Meninas com seus vestidos de cetim branco e fitas amarradas no cabelo
caminham pelas ruas...
Lixo e mais lixo e mais lixo...
Nesta rua de lixo tem um pouco de comida,
tem um pé de calçado furado,
tem jumentos moribundos esperando a noite chegar...
Cortam o Rio Massacre atravessando a fronteira pra chegar do lado de lá.

Do lado de lá tem energia,
Internet, telefone, tem posto de gasolina, tem casas com banheiro,
Tem também gente, mas do lado de lá também tem comida.

Ai iti; de volta ao Brasil trago você comigo, não em minha mala, mas em meu coração.
Ai iti; quem ajuntará você como a galinha ajunta seus filhotes debaixo de suas asas...
Quem se importará com seu povo, sua gente, com os dias do presente e do futuro de sua nação...
Ai iti; até quando dedicará seus líderes ao príncipe do mal e entoará seus cantos e tambores para adorá-Lo.
Você já sofreu demais;
Ai iti seu lamento é minha oração, seu sofrimento minha angústia, sua sequidão minha oportunidade de levar até ti a Água viva.

Martha Dantas
Diretora Executiva-Ministério Together / Texto escrito quando voltou do Haiti (Set 2009)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Futuro do Haiti



Me alegrei muito com as notícias enviadas pelo Steve Spellman, das possibilidades de parceria para médio e longo prazo e por todos os passos concretos para a reconstrução deste país. Creio que a igreja terá um papel fundamental neste processo.
Creio que todos nós ainda estamos impactados com tudo o que vimos, sentimos e ouvimos no Haiti. As vezes as pessoas me perguntam se de fato eu já voltei para o Brasil. No último domingo apresentei um relatório sobre a viagem e foi muito positivo a reação dos irmãos. Ontem tivemos uma noite de oração especialmente pelo Haiti e do que Deus vai fazer através da sua igreja. Oramos especialmente para que Deus levante brasileiros para serem enviados ao Haiti para um período maior. (Estas orações são perigosas!!!)

Também tenho acompanhado as notícias e achei muito interessante a reportagem do Celso Amorin na Folha sobre a reconstrução do Haiti.
Estamos orando pela reconstruçào deste país e nos alegramos por todos os instrumentos que Deus está usando.
Que seja de fato um novo tempo para o Haiti, um tempo onde as marcas do Reino de Deus possa transparecer.
Um grande abraço,
Evaldo - Joinville

O Haiti e o futuro


CELSO AMORIM
A NONA visita que fiz a Porto Príncipe desde que assumi as funções de chanceler no governo do presidente Lula foi, sem dúvida, a mais desalentadora. O terremoto de 12 de janeiro, além de provocar a monumental tragédia humana que todos acompanhamos, fez retroceder um processo virtuoso de superação de dificuldades seculares.
A descrição que Voltaire fez de Lisboa após o sismo de 1755 coincide tristemente com a destruição que testemunhei ao percorrer a capital haitiana. E, a exemplo da ampla discussão moral desencadeada pelo poema do filósofo francês, a catástrofe haitiana lança hoje um desafio à capacidade da comunidade internacional de reagir diante de um desastre que afeta não apenas o povo do Haiti, mas a humanidade toda.
Ao realizar hoje, dia 31 de março, na sede das Nações Unidas em Nova York, a Conferência de Doadores por um Novo Futuro para o Haiti, a comunidade internacional confronta-se com a oportunidade de reafirmar, com ações concretas, sua solidariedade e disposição para ajudar o Haiti a recuperar-se da tragédia.
O Brasil, escolhido como um dos copresidentes da conferência, defenderá que o objetivo central do encontro seja construir, sob a condução das lideranças haitianas, as condições para o desenvolvimento social e econômico de longo prazo no Haiti.
Desde 2004, quando assumiu o comando militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), o Brasil sustenta que segurança e desenvolvimento são dimensões inseparáveis para encaminhar uma solução duradoura para a situação haitiana.
A ajuda que o governo brasileiro estendeu ao Haiti já superou US$ 200 milhões. Trata-se da maior soma que o Brasil destinou a um país vitimado por catástrofe natural. Em Nova York, anunciarei compromissos adicionais que elevarão a cerca de US$ 340 milhões essa contribuição. É um montante considerável para um país em desenvolvimento como o Brasil.
Tenho a certeza de que essa resposta ao chamado da solidariedade orgulharia os brasileiros que perdemos entre as vítimas do terremoto, como a dra. Zilda Arns, o vice-representante especial da ONU, Luiz Carlos da Costa, e nossos militares.
Não basta, contudo, canalizar bilhões de dólares para uma miríade de projetos de cooperação com o Haiti se não houver uma visão estratégica para o futuro do país. Sem ela, corremos o risco de apaziguar momentaneamente nossas consciências, deixando intactas as raízes históricas e sociais que explicam o atraso haitiano.
A Conferência de Doadores dá passos positivos para superar essa lógica, ao prever a criação de um fundo fiduciário único, que dirigirá recursos para prioridades estabelecidas pelo governo do Haiti no seu Plano de Ação.
Tenho proposto que países em condições de fazê-lo -sobretudo os mais desenvolvidos- ofereçam ao Haiti a abertura de seus mercados, sem tarifas nem quotas, de modo a incentivar investimentos produtivos em território haitiano. O Brasil espera pôr em prática em breve seu próprio mecanismo facilitado para importação de mercadorias haitianas, em especial têxteis, em linha com a aspiração do setor privado brasileiro de instalar unidades fabris naquele país.
Com o objetivo de gerar empregos e renda no Haiti e melhorar as condições ambientais, sugeri no Fórum Econômico Mundial que o Banco Mundial liderasse o financiamento de amplo programa de reflorestamento, cuja contrapartida deveria ser a abertura de mercados importadores para produtos do manejo sustentável das áreas reflorestadas no Haiti.
No campo da infraestrutura, o Exército brasileiro já vem elaborando projeto técnico para a construção de barragem no rio Artibonite, que permitirá a produção de energia limpa e renovável, bem como irrigação para agricultura.
São muitos e de grande monta os desafios da reconstrução. Aproxima-se a estação das chuvas, que demandará a reacomodação em condições dignas das populações deslocadas pelo terremoto. O fornecimento de bens emergenciais deverá continuar pelos próximos meses, em paralelo ao esforço de plantio da próxima safra.
Escolas terão de ser erguidas e, ao mesmo tempo, as famílias precisarão recobrar a confiança de que seus filhos podem voltar aos bancos escolares sem medo de desabamentos.
Hospitais improvisados terão de ser substituídos por estruturas permanentes.
Tenho a convicção de que, com a contribuição adequada da comunidade internacional, o povo haitiano, com sua coragem e resistência invejáveis, será capaz de superar essas adversidades e refundar seu país. Nosso compromisso em Nova York deve ser o de coadjuvar o Haiti em uma nova independência.

CELSO AMORIM, 67, diplomata, doutor em ciências políticas pela London School of Economics (Inglaterra), é o ministro das Relações Exteriores.

segunda-feira, 22 de março de 2010

O Retorno


Estamos de volta ao Brasil!
Puxa como passou rápido. Foram dez dias intensos e surpreendentes. O que nos resta agora?
É um mix de sentimentos que não dá para explicar. As vezes é alegria e satisfação de ter podido fazer, mesmo que tão pouco, mas algumas coisas por algumas pessoas. Ao mesmo tempo bate uma tristeza só de lembrar nas pessoas que lá ficaram. De volta ao Brasil, é difícil até de conversar com as pessoas, pois agora falo de sentimentos, visões e cheiros desconhecidos para a maioria das pessoas com quem me relaciono. Foram muitas experiências com Deus e com pessoas especiais naquele país. Agora, enquanto escrevo vem em minha mente vários rostos, e subitamente nomes começam surgir: Michel meu melhor amigo haitiano e tradutor. Deixei a minha bíblia em português com ele, pois ele disse que precisava aprender o português, mas também me lembro do Luxion, jovem formado em engenharia civil, mas que está desempregado e mora com a esposa em uma barraca. Me lembro do Pierre, que é um rapaz apaixonado por Deus e que ama pregar a Sua palavra . Ele também foi nosso tradutor. Vem a mente o rosto e o nome da Rosita, a nossa cozinheira, que aos sábados, anda por volta de 1:30h de condução para cuidar de 150 crianças. O Rou Rou, grande camarada, jovem que apesar de ter perdido tudo com o terremoto, tinha um sorriso lindo no rosto. Quando terminamos a última partida de futebol Brasil e Haiti, e vencemos por 3X2, não tive dúvidas, tirei a minha camisa do palmeiras e dei a ele. Que felicidade daquele jovem. Não, a felicidade não foi porque a camisa era do palmeiras, mas sim porque tínhamos selado uma amizade singela e sincera.
Lembro me do Josué , Jacob e Basú , serventes de pedreiro e pedreiro que trabalhavam na base da missão, foram eles que, brincando me ensinaram a contar até 20 em criolo. Lembro me do Alex, Davi, Pr.Jean Baptista, Pr. Lesly, Pr. Hedere, Pr. Fritz, Omá, Miguel, Elizete, Creg, Jasmie, etc...

O sentimento que tenho neste momento é que a minha família aumentou. Preciso me preocupar um pouco mais, orar um pouco mais, me dedicar um pouco mais. De uma hora para outra, pessoas especiais começaram a fazer parte da minha vida. Este é o meu sentimento.
Oro para que outros brasileiros sejam despertados para servirem ao povo haitiano. As portas estão abertas para os brasileiros. O Haiti hoje tem sido a macedônia da visão do apóstolo Paulo e o seu clamor tem ecoado por todo o mundo, “passe aqui e nos ajude.”
Paz seja com todos.
Pr. Giscleiton

quarta-feira, 17 de março de 2010

Graça


Na terça feira a noite em nosso momento devocional em grupo, recebemos a visita de um casal canadense, o Greg e Jasmine os quais puderam também contar suas histórias. Eles tinham um orfanato no Haiti já a 4 anos e no dia 12 de janeiro quando começaram os tremores, a principio não parecia nada sério e o Greg até disse para sua esposa que agora ele já havia experimentado tudo no Haiti, até terremoto. Só que os tremores não pararam, a sacada onde eles estavam inclinou-se e eles começaram a retirada de todas as crianças da casa. Eles correram para fora da casa, contaram as crianças e uma ainda faltava, o Greg voltou e a criança estava dormindo. Assim que ele saiu com a criança a casa desabou e eles correram então para o outro lado da rua onde havia um campo aberto. Os tremores continuavam e tudo o que eles podiam fazer era orar e louvar a Deus porque nenhuma criança havia morrido. Depois dos tremores, sem saberem o que fazer, sem saber para onde irem, um senhor haitiano estava passando por ali de carro e parou para perguntar o que eles precisavam e insistiu em ajudar. Aquele senhor ofereceu o quintal da sua casa para que Greg e Jasmine pudessem ir com as crianças e ficar em um lugar mais seguro. Depois eles receberam alimentos do exercito canadense e desde então o Senhor tem suprido todas as necessidades e eles sabem que tudo isto é Graça.
Hoje pela manha fomos até esta casa onde o casal e as 56 crianças estão acampadas e foi um momento muito especial para todos nós. Tomamos café, na verdade panquecas e suco com eles e depois participamos de atividades de recreação e ensino bíblico com eles. Como brasileiros ensinamos uma música em português, fizemos brincadeiras mas acima de tudo procuramos interagir com as crianças. Ao sairmos tínhamos a sensação de que recebemos muito mais do que demos, que aprendemos muito mais do que ensinamos. Esta tem sido nossa experiência diária, cada dia um novo aprendizado, cada dia novas realidades e cada dia podemos também ver a graça de Deus se manifestando em todo este caos.
Ha vários ministérios com orfanato aqui no Haiti e este que visitamos hoje chama-se “Operationa Love the Children of Haiti” – “Operação ame as crianças do Haiti”, e eles estão tentando mudar o ministério de orfanato para tornarem-se creche porque pelas leis locais isto permitiria a adoção de crianças. Orfanatos não podem doar crianças para adoção, somente creches e ainda um processo de adoção leva mais ou menos 1 ano. Creio que isto é tambem motive de oração.
Ao final da tarde fomos novamente até a comunidade Marechal que fica perto de onde estamos acampados e tivemos um bom relacionamento com eles. Aproveitamos a oportunidade para brincarmos com as crianças, fazermos algumas dinâmicas com os jovens e adultos, fizemos uma dramatização com aplicação bíblica e terminamos com um futebol entre haitianos e brasileiros e ficamos mais uma vez impressionados como os haitianos amam o Brasil e como o futebol pode abre portas para relacionamentos e para o Evangelho. Isto também é Graça de Deus.
Pr. Evaldo - Joinville

LIXÃO É LIXÃO EM QUALQUER LUGAR


Em que os lixões brasileiros perdem para os haitianos?
Bem...lixão é lixão em qualquer lugar do mundo, sem dúvida.
Mas, o lixão daqui é “melhor” do que os brasileiros porque além do lixo de todos os tipos, há o despejo dos caminhões de fossa. Que coisa maluca. Hoje viajamos aproximadamente 60 km (pouco mais de duas horas), atravessando o centro de Porto Príncipe e saindo da cidade. É sempre uma aventura fazer este trajeto, mas percebo que aos poucos a destruição, o caos do trânsito, a miséria das pessoas vivendo em barracas espalhadas pelas calçadas, praças, terrenos baldios, canteiro central da avenida, já não chocam mais tanto. Estou começando a me acostumar com o cenário. Acho que este é o processo de toda pessoa que chega num lugar destes.
Mas, o perigo é perder a sensibilidade e foco e aos poucos desistir de fazer algo que possa realmente surtir efeito no longo prazo.
Hoje fomos no lixão, conhecer um ministério chamado Jesus in Haiti, fundado e dirigido por Tom (americano), e o pastor Roger.
Eles tem um ministério de igreja, escola, orfanato, cuidado com os pobres do lixão, etc. Tudo muito organizado. Tom tem a visão de fazer o que Jesus fazia: cuidava das pessoas, alimentando, curando, e anunciando o reino, ou seja, fazia discípulos. É esta a visão do irmão Tom. Inclusive participamos de uma classe de discipulado, com quase 40 novos convertidos após o terremoto. Uma coisa linda. A maior parte deles jovens.
Ouvimos o testemunho de como 3 deles sobreviveram ao terremoto e estão muito gratos a Deus por isso. Tom é uma pessoa única, solteiro, que veio para o Haiti e Deus deixou bem claro que ele deveria ficar aqui por muitos anos. Agora tem uma família de 30 crianças mais ou menos.
Depois fomos distribuir comida no lixão. Chegando lá as coisas estavam um pouco agitadas, pois o caminhão de comida do exército estava saindo, e jogando os últimos pacotes de comida. É isso, o pessoal joga comida para as pessoas, que dividem o lixão com cabritos e outros animais.

Mas, após uma explicação do nosso tradutor Michael, o pessoal já ficou mais tranqüilo e pudemos nos aproximar deles. Jogamos futebol com uma garrafa de pet vazia. De novo, o futebol abriu totalmente a porta. Wilton brincou capoeira com eles, pregou o evangelho e 4 fizeram uma oração de entrega a Jesus. É incrível o quanto os haitianos amam o futebol e o povo brasileiro.
Depois que as irmãs da igreja Jesus in Haiti tinham feito o almoço, distribuímos os pratos cheios sem problemas.
É um impacto ver pessoas viverem pior do que muitos animais.
O que seria necessário para Jesus mudar esta comunidade?


Algo muito diferente, foi comer a comida pré-preparada para os soldados americanos e canadenses, que foi doada para o Jesus in Haiti. Não tem fogo, mas a comida é aquecida na hora, dentro de um saco plástico, tem variedade, sobremesa, suco, e tudo mais! Muito interessante.

Hoje em nosso tempo de compartilhar e devocional, concluímos que seria interessante não usarmos câmeras fotográficas quando vamos abordar as pessoas ou uma comunidade, porque inevitavelmente estaremos enviando a mensagem que não queremos: turistas mais interessados em ver as pessoas, e tirar suas fotos, do que amá-las, relacionar-se com elas.
Isso tem sido impressionante aqui. As pessoas são muito abertas para relacionamentos. Quase todos da equipe já tem um ou outro amigo. É fato que pode haver interesses de receber algo através da amizade, mas não creio que em todos os casos. E isso nos abençoa também.
Hoje foi um dia super quente, e muito cansativo.
Agora vou dormir....senão amanhã não terei gás.
No amor e na graça,
Roberto.

segunda-feira, 15 de março de 2010

UM DIA DE GRAÇAS!!!...


DIÁRIO DO DIA 14


 

Como hoje é domingo, fomos ao culto pela manhã, começava as 9 horas e era perto da nossa base, chamam esse lugar de Christian Ville.

Para mim foi uma experiência muito marcante, ver aquelas pessoas, em torno de 300, louvando a Deus e compartilhando da Sua palavra.

Como por aqui a maioria dos prédios estão condenados ou destruídos, o mesmo aconteceu com o prédio da igreja dessa comunidade, que os obrigou a realizar o culto numa barraca militar de lona, bem grande. Não havia aparelhos de som e nenhum instrumento musical, era tudo na força do pulmão. E que pulmão!

Foi isso que me surpreendeu, aquelas pessoas louvando a Deus sem nenhum instrumento debaixo daquela lona e arredores, suportando um sol muito forte, cantando com entusiasmo e afinação que dava inveja, parecia que o céu havia descido naquele momento. Quando o pregador foi trazer a sua mensagem todos ficavam quietos e sua voz podia ser ouvida por todos, eu o conseguia ouvir perfeitamente. Parecia que estava no meu lado porém estava a uns 50 metros dele, ele não precisou gritar pra se fazer ouvir.

Participaram nesse culto crianças, jovens, adultos e pessoas de idade, todos juntos.

Participamos da ceia, que aqui eles fazem todos os domingos e depois fomos assistir ao batismo de 4 novos convertidos, que foi realizado num riacho próximo ao local de culto.

Esse foi um culto completo.

À tarde fomos a uma igreja no interior, aonde o pastor é marido da irmã Rosita que faz a janta para nós. Andamos mais ou menos 1 hora e meia de carro, numa estrada de barro, pequena e cheia, mais cheia mesmo de buracos e pedras.

Fomos a um lugar muito bonito, o qual contrastava com a destruição e caos que encontramos aqui na cidade de Porto Principe. Havia muitos riachos com água limpa, bastante árvores e muitas montanhas, mas também vimos sinais do terremoto nos morros e em muitas casas que caíram ou ficaram abaladas.

Chegamos a uma igreja muito pequena em espaço, parece-me que era uma granja antigamente e eles aproveitaram os galpões para usar como salão de culto, mas havia muitas pessoas nos esperando lá, chegamos no final do culto e iria começar o trabalho com as crianças, adolescentes e jovens.

Separamos as turmas e cada pessoal da equipe foi fazer o trabalho que tinha preparado no dia anterior. As crianças nos receberam com músicas que elas já conheciam, muito afinadas e marcavam tudo com palmas que iam ditando a melodia das músicas, um show. Tudo isso sem nenhum instrumento ou aparelho de som. Com as crianças foram feitas brincadeiras e jogos.

Os jovens e adolescentes ficaram no lado de fora também tendo um momento de jogos e brincadeiras e podendo compartilhar da palavra de Deus e de suas próprias vidas.

Foi feito também uma reunião com os lideres da igreja para conhecer melhor o trabalho que está sendo realizado naquele lugar.

Estava marcado um grande jogo de futebol entre o Brasil (nós) X Haiti (pessoal da igreja) que não pode ser realizado por causa do pouco tempo que tínhamos, já que precisávamos voltar para a base antes que escurecesse.

Ao voltarmos anoiteceu bem antes de chegarmos na base e fiquei observando aquelas pessoas vivendo em suas barracas improvisadas, sem energia, envolvidas por uma grande escuridão, dependendo de uma fogueira ou velas para poderem se virar. E eu podendo vir para a base, sabendo que iria encontrar luz e a comodidade mínima para poder passar essa noite. Isso me deixa muito triste por não saber quando essas pessoas vão poder ter o mínimo de conforto novamente.

Enquanto estava escrevendo, choveu bem fraco, muito bom para quebrar o calor, mas para aqueles que dormem em barracas de pano, cobertas, cortinas ou qualquer outro material deve ser um pesadelo, espero que não continue chovendo, prefiro passar calor.

Que Deus os abençoe e lembrem-se de orar por esse povo, o mundo não pode esquecê-los....


 

Roberto Imthurm

Pastor da IEL Timbó/SC

sábado, 13 de março de 2010

“They seem to be crazy” …


“Eles parecem ser malucos!” Foi isso que passou na minha cabeça quando me falaram que uma igreja de Porto Principe tinha pedido que o “ Brazilian group” passasse o dia todo com a criançada da igrejinha. O que se faz em tanto tempo com crianças de todas as idades, além dos adolescentes, num espaço de 80 m2 de templo e um pequeno quintal cheio de pedras, e não plano, ainda mais com uma mistura babilônica de línguas como português, espanhol, francês, inglês, e crioulo?! Sem falar daquele calor tropical em um salão de pouquíssima ventilação!

“Well”, começamos com uma equipe de oito pessoas, além dos tradutores. Dividimos a criançada, mais ou menos 60 “kids”, em dois grupos. Cada um de nós tinha sua responsabilidade: brincadeiras, histórias bíblicas, mágicas, músicas... e todos nós demos o nosso melhor. Á uma hora da tarde, estávamos no fim da nossa programação e da nossa força, quebrados, cansados, mas contentes pela manhã rica e abençoada.

Soubemos depois que a educadora da igreja, Elizabeth, faz essa maratona todos os sábados... e o dia todo, não “somente” cinco horas! O que para nós parece ser uma loucura, para essas crianças de um bairro bem pobre obviamente é uma necessidade: para esquecerem-se, por algum tempo, da fome, dos traumas do terremoto, dos entes queridos perdidos na catástrofe.

Para as crianças da igreja, essa manhã foi algo especial, inesquecível. Vimos rostinhos animados, mas nem sempre alegres. Nós nos perguntamos, quantas histórias tristes cada uma já tem experimentado. E pedimos ao nosso Pai do Céu que continue dando professoras e discipuladores como Elizabeth em seus caminhos... pois nem sempre haverá brasileiros para animar a festa! Se chegar lá e trabalhar algumas horas com elas já nos faz suar... quanto mais o trabalho duro do dia-a-dia de uma professora! Que Jesus a abençoe e lhe dê aquilo que o coração dela deseja!

André Pascher, Itapuama/PE

sexta-feira, 12 de março de 2010

Buscando Relacionamentos



Nossa grande expectativa nesta viagem era o contato com o povo, desenvolver relacionamentos, poder se comunicar com este povo tão simpático e amável. Ontem tivemos esta experiência de forma muito marcante para todos nós. Nossa missão como brasileiros era sair nos acampamentos, fazer contato, descobrir necessidades e detector oportunidades para servirmos. Oramos muito antes de sairmos e fomos em duplas e mais um tradutor. Todos voltaram com um misto de espanto pela realidade em que as pessoas estão vivendo mas também felizes por poderem se comunicar com este povo. Para mim duas conversas foram muito marcantes. Minha equipe (Andre Pascher, eu e o tradutor Fednor Thibert ) visitou o Pasteur Jeann Baptiste Amboise, que é também o líder da comunidade. Um homem bastante simples de 71 anos, 55 anos de ministério naquela igreja e que agora estava sofrendo com o terremoto mas feliz pelo livramento do Senhor e pelas oportunidades de ministrar ao povo. Sua casa foi totalmente destruída, ela “ penquecou” como se diz por aqui. O prédio da igreja está condenado como também a escola. Na igreja participam aproximadamente 200 pessoas e na escola 200 crianças. Aqui no Haiti cada igreja tem também uma escola pois o ensino público praticamente não existe. No momento a igreja esta se reunindo debaixo de uma lona e as aulas ainda não recomeçaram, mas ele não sabe ainda como vai funcionar a escola, ou se vai funcionar.


Outra conversa que também me impactou foi com um jovem senhor, o Manoel, o qual é também muito simpático mas carrega em seu semblante um ar de preocupação. Em toda a conversa ele disse que é eletricista, e professor primário mas que não tem trabalho neste momento. Ele disse que o que eles mais precisam é de trabalho para poder comprar o que necessitam e que isto seria muito melhor do que só ficarem dando comida para eles. Ele disse que tem esposa e filhos e preocupa-se com eles. Ontem a noite ainda oramos por ele sentindo seu drama que na verdade é o da grande maioria.
Nossa grande pergunta é: O que realmente podemos fazer por este povo? Não queremos apenas distribuir alimentos, barracas e coisas semelhantes, mas o que de fato podemos fazer? Neste momento temos muito mais perguntas do que respostas, mas cremos que o Senhor nos dará uma direção segura.
Evaldo Grunhagen
Joinville - SC

quinta-feira, 11 de março de 2010

A REALIDADE



Chegamos!


Ontem foi o dia da chegada, de começar a sentir a situação, arrumar um lugar para dormir, descobrir como preparar nosso café, e coisas do tipo.
Estamos dormindo numa casa de chapas de compensado (a casa maior é de alvenaria, e o pessoal está com medo de dormir dentro, por motivos óbvios), que só tem o buraco da janela e com mosquiteiros. À noite é quente mas refresca de madrugada. Hoje estava muito quente, mas sobrevivemos.
Hoje pela manha, após café, oração, saímos em duplas com tradutores que falam ou espanhol ou inglês (para entender o que nós falávamos) e traduzir para o francês ou crioulo (línguas faladas no Haiti). Um desafio, sem dúvida. Saimos para diferentes comunidades, procurando contatos com líderes, pastores, pessoas influentes na comunidade para conversar e como podemos, eventualmente, ajudá-los. Os irmãos americanos e nós, estamos procurando estratégias que sejam eficazes no longo prazo e não criem dependência de ajuda externa para os haitianos e que serviria para as próximas equipes que vierem.

Aqui na base, estamos em 25 pessoas (8 brasileiros), fazendo diferentes tipos de trabalho: construção, enfermagem, novos contatos, auxílio a orfanatos e igrejas estabelecidas.
O local onde estamos chama-se Gressier e está há aproximadamente 15 a 20 km do centro de Porto Príncipe. Aqui é praticamente uma área rural, mas há acampamentos de desabrigados.

Eles tem uma barraca feita de algumas varas de madeira, sem água, vaso sanitário ou algo do tipo. Alguns tem um colchão. Pessoas caminham centenas de metros para buscar água de um poço que não é potável, e lavam suas roupas em bacias ou no rio. Hoje encontramos pastores, famílias, jovens, e muitas crianças. Muitas mesmo. Casas, templos e escolas destruídas. Percebemos que a igreja acaba fazendo o papel do Estado. Praticamente toda igreja tem uma escola e algumas também uma clínica, ou algo do tipo. Não vi ainda, nesta região, nenhuma escola pública ou hospital. O que as pessoas pedem é uma barraca, ajuda para reconstruir suas casas, comida, etc.
É incrível perceber como ser brasileiro abre portas aqui: Estamos num acampamento e um jovem aproximou-se com cara de poucos amigos, perguntou asperamente: “O que vocês querem aqui?” Respondi que havia vindo do Brasil para estar com eles, conhecer a comunidade, descobrir quais as necessidades e como poderíamos, de algum modo, ser úteis. Ele mudou radicalmente e começamos uma boa conversa (ele fala inglês).
Hoje marcamos um jogo de futebol com os moradores da “City of Bethel”, onde fomos ontem à tarde. Foi um evento e tanto! Há muito tempo não jogava futebol, mas neste caso houve um “chamado Divino”para o campo, e eu não dizer “não”. O campo não tinha grama, era muito irregular, e cheio de pedras soltas. Mas, enfim jogamos Brasil x Haiti, e vencemos o jogo por 3 a 1, diante de uma multidão de torcedores.
Parece que a habilidade futebolística traz em si uma vocação missionária natural, para abençoar os povos.
Já que os haitianos nos querem tão bem, quem serão os brasileiros da próxima equipe? Quem virá para ficar mais tempo? Um, dois, três anos ou mais?
Agradecemos de coração às vossas orações, apoio, e amor, estando conosco aqui, servindo através de nós.
Contamos com a contínua oração de vocês.
Um abraço forte e saudoso,
Roberto R. Welzel.

segunda-feira, 8 de março de 2010

FINALMENTE DE PARTIDA



Amados irmãos e companheiros de luta!
Graça e paz!

É com grande alegria que lhes informamos que neste momento estamos reunidos no aeroporto de Guarulhos, com os 8 integrantes do grupo. Os nossos irmãos do Nordeste, André e Wilton, conseguiram chegar, após um dia de muitas lutas, idas e vindas, e intervenções milagrosas do Senhor Deus. E por isso estamos alegres e gratos ao Senhor. Estarmos aqui já representa uma grande vitória!!
Deus proveu os recursos para cada participante através da generosidade do seu povo, pessoas que tem um coração no reino e se alegram em participar dele.
Se a intensidade das lutas para chegar até aqui serve de prenúncio das bênçãos por vir, só podemos concluir que grandes coisas o Senhor tem preparado para nós.
Louvamos a Deus por tudo, pela vida de cada irmão, cada igreja, e agora estamos partindo com a certeza de que o Senhor está nos enviando e seremos acompanhados por vosso amor e orações.
Sentimo-nos como o jogador na marca do Penalti da foto: é hora de decisão, e de grandes reponsabilidades! Mas, podemos contar com o Senhor e com vocês. Aleluia!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Haiti, uma porta aberta.



HAITI, uma porta aberta.

“Eis que coloquei diante de você (Igreja) uma porta aberta que ninguém pode fechar. Sei que você tem pouca força...” (Ap 3.8).

Cremos sinceramente que Deus está abrindo esta janela de oportunidade para sua Igreja ao redor do mundo demonstrar seu amor e apoio ao povo haitiano, e participar da transformação em grande escala no Haiti. Mesmo que tenhamos pouca força!
Após muito trabalho preparatório estamos muito perto da partida para o Haiti (dia 9, terça). Muitos telefonemas, e-mails trocados entre várias pessoas, orações, palavras de encorajamento, planejamento (embora estejamos cientes de que Deus tem tudo nas Suas mãos), estamos fazendo as malas.
No momento final, ainda tivemos a adição de mais dois membros para a equipe: pastor André Pascher e Wilton Ferreira, ambos da IEL de Olinda, do Projeto Levante.

Portanto, a equipe está assim composta:

1. Pr. André Pascher – IEL Olinda/PE
2. Cristiano Ujj – IEL Rio do Sul/SC
3. Pr. Evaldo Grünhagen - IEL Joinvile/SC
4. Pr. Giscleiton Morais – IEL Santos/SP
5. Pr. Roberto Imthurm - IEL Timbó/SC
6. Pr. Roberto R. Welzel - IEL Toledo/PR
7. Valério Zermiani – IEL Timbó/SC
8. Wilton Ferreira – IEL Olinda/PE



Fazer o que no Haiti?

Vamos lá para servir, ao lado dos irmãos da IEL do Haiti. Não iremos com o propósito de resolver todos os problemas, e com as nossas soluções de quem vem de fora.
Vamos lá para demonstrar o amor de Cristo aos haitianos – irmãos ou não - de forma prática. Queremos dizer com nossa presença: “Vocês não estão sozinhos! Estamos com vocês nesta hora tão difícil, mas de inúmeras oportunidades”.
Vamos lá para aprender através da fé abnegada e com o sofrimento dos nossos irmãos.
Vamos lá para ver como poderíamos continuar servindo juntos, no futuro.
Para que Deus seja glorificado através de nossas vidas, precisamos da oração de toda igreja.

Orem por:

• Proteção na viagem e em Porto Príncipe (avião, Van, nas ruas, etc.);
• Por forças físicas, emocionais e espirituais para lidar com a dura realidade
do povo;
• Por discernimento espiritual para cada situação;
• Por um bom relacionamento entre a equipe (brasileiros, americanos, alemão,
haitianos);
• Pela provisão material que ainda falta;
• Por encontros e relacionamentos estratégicos para o reino de Deus;
• Pela unção do Espírito para podermos ser canais de bênção onde estivermos;
• Pelos familiares da equipe que ficam no Brasil;
• Louve a Deus pela Sua provisão graciosa até aqui, em todos os sentidos.

Certos do vosso amor e orações,

Pr. Roberto R. Welzel
Presidente da AMEL

quarta-feira, 3 de março de 2010

ITINERÁRIO


Olá Pessoal!!
Já estamos nos preparativos finais.Estejam atentos quanto aos horários.
Este será nosso Itinerário pela a Cia. Copa airlines.

Uma história no Haiti.


Roger tinha andado de “TapTap” (Um tipo de pick-up onibus bem comum no Haiti) uns 10 kilometros para assistir as aulas no seminário naquele dia. As 5 horas começou a aula de teologia (lá em baixo) com 35 alunos, enquanto lá no segundo andar tinham mais 40 alunos, assistindo a aula de Novo Testamento. O prédio começou a dançar e logo todos perceberam o que estava acontecendo. Sem tempo para reagir, uma parede inteira caiu, matando vários na hora. Roger tentou se levantar para poder correr mas foi jogado no chão com a força do tremor. Pedras cairam sobre sua cabeça; havia uma aluna gritando ao seu lado, ele a pegou pela mão para levá-la pra fora. Tinha uma nuvem de poeira na sala mas ele conseguiu enxergar a saída.
Antes de alcançar a saída, uma mão pegou o pé dele e ele ouviu uma outra colega falar “Me salve...Me salve”.
Roger não podia salvar as duas, então saiu correndo com a primeira, e lá fora gritou para alguém voltar com ele e salvar mais algumas pessoas. Mas antes que pudesse retornar poder entrar, o prédio todo desmoronou.
Nenhum aluno no segundo andar sobreviveu...poucos no primeiro conseguiram sair. Professores mortos, alunos seminaristas mortos, a escola em ruínas.
Gritos por todo canto, mas Roger só podia pensar numa coisa...a sua família.
Sem transporte, ele andou, correu e andou mais de 10 km pra casa. Mais de 3 horas na rua. Com lágrimas nos olhos ele me contou como foi difícil passar por prédios caído, pessoas morrendo em volta, mas ele não podia parar até chegar em casa. Ele disse: “Naquela noite, eu vi a morte...vi morte de perto.”

Graças a Deus ele chegou em casa e encontrou a família toda...são e salva. Roger é um pastor… aluno de teologia, e até hoje ele não consegue escapar da pergunta: “Porquê?” Porquê é que ele foi poupado...e não os professores? Porquê é que aconteceu naquela hora...naquele lugar? Ele sabe...ele sabe que não tem respostas, mas a pergunta persiste.
Ele passa horas e horas nestes dias ouvindo e ouvindo histórias no vilarejo onde mora, das histórias no morro, das histórias no orfanato. Todos tem a sua, todos precisam ser ouvidos.
“Mas Roger”,…perguntamos… “O que é que você fala quando as pessoas perguntam o que aconteceu?”
Ele respondeu “Eu falo que não sei...eu simplesmente não sei”,... mas daí ele parou um pouquinho e continuou: "...Mas eu também falo para não desistirem.”
E hoje a tarde, encontramos pessoas que não desistiram...e não vão desistir. Roger está lá fora ministrando. Jony acabou de voltar do morro, distribuindo comida e dinheiro. Ao passar uma jovem sozinha e triste, ele parou para orar com ela. Ele a abençoou com a Palavra de Deus e deu R$ 5,00 a ela. Quando ele virou as costas ela começou a gritar “Obrigada!!...Obrigada!!! ...eu não tinha nada para comer. Hoje vou poder comer....” Por causa de um irmão em Cristo ela não vai desistir.
Na igreja de Roger tiveram 120 pessoas em média nos cultos, mês de dezembro. Depois do terremoto tiveram cultos com 800 e 900 pessoas, respectivamente...domingo vão batizar mais de 25 novos convertidos...
Deixe me terminar com as palavras de Roger...e Augustine...e Charles…e Jony….
“Eu acredito que isto pode ser um novo começou para Haiti.
Ore...ore conosco para que isto aconteça...”
Este é o relatório do Pr. Steven, que irá acompanhar nossa equipe no Haiti entre os dias 08/03 - 20/03.

Projeto Haiti

Amados pastores e igrejas!

A CIELB/AMEL estão formando uma equipe para ir ao Haiti, servir à Igreja lá. Até agora, fazem parte dela: Cristiano Ujj (Rio do Sul), Evaldo Grunhagen (Joinvile), Giscleiton Morais (Santos), Roberto Imthurm (Timbó), Roberto Welzel (Toledo), Valério Zermiani (Timbó).
Data: 9 a 20 de março.
Estamos na fase final dos preparativos. Pedimos que:
· Orem fervorosamente pelos haitianos e pela equipe que irá.
· Contribuam para enviar nossos representantes. Levantem uma oferta especial na igreja e depositem numa das contas.

Banco Bradesco
Agência 2422
Conta Corrente 0000593-2

Banco HSBC
Agência 0463
Conta Corrente 14407-15