quarta-feira, 3 de março de 2010

Uma história no Haiti.


Roger tinha andado de “TapTap” (Um tipo de pick-up onibus bem comum no Haiti) uns 10 kilometros para assistir as aulas no seminário naquele dia. As 5 horas começou a aula de teologia (lá em baixo) com 35 alunos, enquanto lá no segundo andar tinham mais 40 alunos, assistindo a aula de Novo Testamento. O prédio começou a dançar e logo todos perceberam o que estava acontecendo. Sem tempo para reagir, uma parede inteira caiu, matando vários na hora. Roger tentou se levantar para poder correr mas foi jogado no chão com a força do tremor. Pedras cairam sobre sua cabeça; havia uma aluna gritando ao seu lado, ele a pegou pela mão para levá-la pra fora. Tinha uma nuvem de poeira na sala mas ele conseguiu enxergar a saída.
Antes de alcançar a saída, uma mão pegou o pé dele e ele ouviu uma outra colega falar “Me salve...Me salve”.
Roger não podia salvar as duas, então saiu correndo com a primeira, e lá fora gritou para alguém voltar com ele e salvar mais algumas pessoas. Mas antes que pudesse retornar poder entrar, o prédio todo desmoronou.
Nenhum aluno no segundo andar sobreviveu...poucos no primeiro conseguiram sair. Professores mortos, alunos seminaristas mortos, a escola em ruínas.
Gritos por todo canto, mas Roger só podia pensar numa coisa...a sua família.
Sem transporte, ele andou, correu e andou mais de 10 km pra casa. Mais de 3 horas na rua. Com lágrimas nos olhos ele me contou como foi difícil passar por prédios caído, pessoas morrendo em volta, mas ele não podia parar até chegar em casa. Ele disse: “Naquela noite, eu vi a morte...vi morte de perto.”

Graças a Deus ele chegou em casa e encontrou a família toda...são e salva. Roger é um pastor… aluno de teologia, e até hoje ele não consegue escapar da pergunta: “Porquê?” Porquê é que ele foi poupado...e não os professores? Porquê é que aconteceu naquela hora...naquele lugar? Ele sabe...ele sabe que não tem respostas, mas a pergunta persiste.
Ele passa horas e horas nestes dias ouvindo e ouvindo histórias no vilarejo onde mora, das histórias no morro, das histórias no orfanato. Todos tem a sua, todos precisam ser ouvidos.
“Mas Roger”,…perguntamos… “O que é que você fala quando as pessoas perguntam o que aconteceu?”
Ele respondeu “Eu falo que não sei...eu simplesmente não sei”,... mas daí ele parou um pouquinho e continuou: "...Mas eu também falo para não desistirem.”
E hoje a tarde, encontramos pessoas que não desistiram...e não vão desistir. Roger está lá fora ministrando. Jony acabou de voltar do morro, distribuindo comida e dinheiro. Ao passar uma jovem sozinha e triste, ele parou para orar com ela. Ele a abençoou com a Palavra de Deus e deu R$ 5,00 a ela. Quando ele virou as costas ela começou a gritar “Obrigada!!...Obrigada!!! ...eu não tinha nada para comer. Hoje vou poder comer....” Por causa de um irmão em Cristo ela não vai desistir.
Na igreja de Roger tiveram 120 pessoas em média nos cultos, mês de dezembro. Depois do terremoto tiveram cultos com 800 e 900 pessoas, respectivamente...domingo vão batizar mais de 25 novos convertidos...
Deixe me terminar com as palavras de Roger...e Augustine...e Charles…e Jony….
“Eu acredito que isto pode ser um novo começou para Haiti.
Ore...ore conosco para que isto aconteça...”
Este é o relatório do Pr. Steven, que irá acompanhar nossa equipe no Haiti entre os dias 08/03 - 20/03.

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