quinta-feira, 11 de março de 2010

A REALIDADE



Chegamos!


Ontem foi o dia da chegada, de começar a sentir a situação, arrumar um lugar para dormir, descobrir como preparar nosso café, e coisas do tipo.
Estamos dormindo numa casa de chapas de compensado (a casa maior é de alvenaria, e o pessoal está com medo de dormir dentro, por motivos óbvios), que só tem o buraco da janela e com mosquiteiros. À noite é quente mas refresca de madrugada. Hoje estava muito quente, mas sobrevivemos.
Hoje pela manha, após café, oração, saímos em duplas com tradutores que falam ou espanhol ou inglês (para entender o que nós falávamos) e traduzir para o francês ou crioulo (línguas faladas no Haiti). Um desafio, sem dúvida. Saimos para diferentes comunidades, procurando contatos com líderes, pastores, pessoas influentes na comunidade para conversar e como podemos, eventualmente, ajudá-los. Os irmãos americanos e nós, estamos procurando estratégias que sejam eficazes no longo prazo e não criem dependência de ajuda externa para os haitianos e que serviria para as próximas equipes que vierem.

Aqui na base, estamos em 25 pessoas (8 brasileiros), fazendo diferentes tipos de trabalho: construção, enfermagem, novos contatos, auxílio a orfanatos e igrejas estabelecidas.
O local onde estamos chama-se Gressier e está há aproximadamente 15 a 20 km do centro de Porto Príncipe. Aqui é praticamente uma área rural, mas há acampamentos de desabrigados.

Eles tem uma barraca feita de algumas varas de madeira, sem água, vaso sanitário ou algo do tipo. Alguns tem um colchão. Pessoas caminham centenas de metros para buscar água de um poço que não é potável, e lavam suas roupas em bacias ou no rio. Hoje encontramos pastores, famílias, jovens, e muitas crianças. Muitas mesmo. Casas, templos e escolas destruídas. Percebemos que a igreja acaba fazendo o papel do Estado. Praticamente toda igreja tem uma escola e algumas também uma clínica, ou algo do tipo. Não vi ainda, nesta região, nenhuma escola pública ou hospital. O que as pessoas pedem é uma barraca, ajuda para reconstruir suas casas, comida, etc.
É incrível perceber como ser brasileiro abre portas aqui: Estamos num acampamento e um jovem aproximou-se com cara de poucos amigos, perguntou asperamente: “O que vocês querem aqui?” Respondi que havia vindo do Brasil para estar com eles, conhecer a comunidade, descobrir quais as necessidades e como poderíamos, de algum modo, ser úteis. Ele mudou radicalmente e começamos uma boa conversa (ele fala inglês).
Hoje marcamos um jogo de futebol com os moradores da “City of Bethel”, onde fomos ontem à tarde. Foi um evento e tanto! Há muito tempo não jogava futebol, mas neste caso houve um “chamado Divino”para o campo, e eu não dizer “não”. O campo não tinha grama, era muito irregular, e cheio de pedras soltas. Mas, enfim jogamos Brasil x Haiti, e vencemos o jogo por 3 a 1, diante de uma multidão de torcedores.
Parece que a habilidade futebolística traz em si uma vocação missionária natural, para abençoar os povos.
Já que os haitianos nos querem tão bem, quem serão os brasileiros da próxima equipe? Quem virá para ficar mais tempo? Um, dois, três anos ou mais?
Agradecemos de coração às vossas orações, apoio, e amor, estando conosco aqui, servindo através de nós.
Contamos com a contínua oração de vocês.
Um abraço forte e saudoso,
Roberto R. Welzel.

Um comentário:

  1. Uhuuu
    Receber notícias assim é como estar olhando o jogo da arquibancada... Vibramos de longe. Estou só esperando pra ver o impacto que esta equipe, retornando ao Brasil, vai trazer sobre a Igreja Brasileira. Estou vibrando mesmo. Aqui em Rio do Sul vamos nos empenhar pra que Deus levante alguns obreiros para um tempo maior.

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